quinta-feira, 21 de julho de 2011

MITOS E VERDADES SOBRE ILUMINADOS - MITHS AND TRUTHS ABOUT ENLIGHTEDS

      
·        Todo iluminado é pobre .
Mito. Por definição o iluminado não tem apegos nem ao luxo nem à pobreza. Pode ser extremamente pobre de bens materiais como Ramakrishna e Ramana Maharshi. Pode ter uma vida modesta como trabalhador  ou exercer uma profissão, como o foram Lahiri Mahasaya e Sri. Yuktéswar. Ou levar uma vida de classe média alta, como o foi Krishnamurti.  Este último,  apesar de gostar de carros, morar em casas bonitas, usar roupas elegantes e frequentar bons restaurantes, não considerava-se dono dessas coisas. Não andava com dinheiro e dizia que tudo que precisava era um lugar para dormir, roupas para usar e comida para se alimentar.
 
·        O Iluminado não tem vícios, desejos, nem defeitos.
Mito. O vício está ligado ao corpo. Sri. Nisargadatta Maharaj fumava e também comia carne – um hábito considerado um pecado mortal pelos conservadores hindus. Krishnamurti, apesar de não ser hindu, era vegetariano, não fumava e não bebia. Todavia, chegou a manifestar desejos carnais, pois  teve  um relacionamento amoroso com  Rosalind Willians Raja Gopal- esposa de seu secretário particular. Isso foi revelado em um livro lançado pela filha de Raja Gopal , Radha Sloss “Lives in the Shadow With J. Krishnamurti”- ainda sem tradução para o português. Este fato não foi desmentido nem por sua  biógrafa, Emily Lutiens, nem pelas fundações que o representam. Para mim,  isso não foi motivo de escândalo ou diminuiu a minha admiração por Krishnamurti, pelo contrário, fiquei satisfeito em saber que ele era tão humano quanto nós e que também teve seus defeitos, deslizes e processo  de desenvolvimento. Além disso, está coerente com seus ensinamentos, pois nunca pregou a castidade, nem a repressão dos desejos biológicos. O iluminado não é um ser “celestial”, “infalível” , ou “perfeito” ele é tão humano e divino como todos nós somos. É bom sabermos que eles não nasceram prontos e que também passaram por um processo de desenvolvimento e maturação, como nós estamos passando, o que nos serve de motivação para buscarmos  nossa própria Iluminação. Para encerrar este assunto, K. nunca se arvorou em santo, ou casto, ou perfeito ou qualquer outra coisa. Sua fala era que  não importava quem era o orador, e sim se o que ele falava era verdadeiro ou não. 

·        O iluminado deve levar uma vida casta e renunciada.
Mito. Lahiri Mahasaya era casado e pai de família e chegou a ter dois filhos. Trabalhava como contador para sustentar sua família e continuou casado até a morte. Ramakrishna também era casado com Sarada Devi.
·        O iluminado não tem emoções humanas, não hesita e não se abala com nada.
Falso. Conta-se que Sri Yukteswar chorou muito quando Yogananda viajou para a América. Jesus agonizou no jardim do Getsêmani e pediu ao pai para afastar o cálice -que foi um apelo para Deus libertá-lo do drama que estava prestes a viver. É dito também que ele chorou sobre Jerusalém. Krishnamurti mostrava impaciência e irritação em público, fato notado por muitas pessoas e até mesmo por Mary Zimbalist- sua secretária particular. E, mesmo Babaji, hesitou quando quis despojar-se de sua manifestação carnal e pediu a opinião de sua irmã Mataji, esta aconselhou-o para nunca deixar sua forma humana e assim, ele o fêz – fato descrito por Yogananda no livro Autobiografia de um Yogue.
·        O iluminado sabe de tudo.
Outro grave erro. O iluminado sabe de tudo acerca das ilusões da mente , da libertação e da compreensão da Verdade. Mas, não sabe tudo. Certa vez Krishnamurti estava no Brasil e alguém perguntou-lhe como seria seu futuro. Ele respondeu que não era advinho. E realmente não era. Talvez haja casos  específico em que, de repente, a intuição do iluminado se amplia fazendo-o perceber coisas além do normal. Mas, estes são casos raros, não são regras e nem está no controle do Iluminado a manipulação de tais poderes. Nem mesmo Jesus manipulava seus poderes a seu bel prazer pois tudo era feito pela vontade do Pai- como ele mesmo dizia.
·        O iluminado tem poderes.
Em tese sim, mas nem sempre e não necessariamente. Na literatura budista não há um só caso de milagres atribuído a Buda. Nem por isso ele deixou de ser iluminado. Jesus fazia muitos milagres, mas, entende-se que tinha a ver com a particularidade de sua missão aqui na terra. Mas, mesmo esses, nunca eram atribuídos a si mesmo, mas como obras do Pai. Krishnamurti tinha poderes de cura, mas raramente os usava e não gostava que este fato fosse mencionado. Vários de seus amigos e conhecidos mais próximos testemunharam vários casos de curas atribuídas a Krishnamurti. Diziam que, na juventude ele lia cartas antes de serem abertas, percebia auras e ainda tinha poderes de telepatia. Lahiri Mahasaya fez vários milagres, inclusive de curas de doenças graves, bilocação, materialização, tendo, inclusive, ressuscitado algumas pessoas. Assim também, com menos regularidade o fez Sri Yukteswar. E Babaji é , em si mesmo, um grande milagre, pois  se diz que ele é imortal e não há limites para os seus poderes. Mas o fato é que ter poderes e demonstrá-los não significa a comprovação de que alguém é iluminado.
·        O iluminado não sonha .
Verdade. Por definição o iluminado extinguiu a barreira entre o consciente e o inconsciente. Tudo nele é consciência, não havendo, pois, necessidade de sonhar. Em geral eles dormem pouco e vivem a maior parte do tempo em meditação. Krishnamurti descreve em seu diário que costumava  “experimentar certos estados interiores ocorridos durante o sono” (DK-13). Lahiri Mahasaya quase não dormia, viviam quase que constantemente em samadhi ou consciência desperta.
·        Manifestação da Ananda ou Bem-aventurança.
Verdadeiro. Esse é um dos critérios mais convincentes sobre a iluminação: a existência da Ananda, Bem-aventurança, ou êxtase místico. Em que difere os êxtases de Krishnamurti de qualquer outro santo cristão ou iogue hindu? Nada. A diferença parece estar apenas em elementos periféricos tais como a cultura em que o místico foi criado, condicionando, assim a forma como ele interpreta seus estados místicos. Destarte, Francisco de Assis, vivia a paixão de Cristo e isto se refletia em seu corpo através das chagas assim como santa Tereza de Neumann, a estigmatizada católica (AI-394).Um hindu provavelmente terá visões de Krishna ou algum outro avatar. Mas a descrição da profundidade, da intensidade e da natureza intrínseca dos êxtases são muito parecidos – senão similares. Foi através de Sri. Yuktéswar que eu tomei conhecimento, pela primeira vez, sobre este importante critério revelador do estado búdico. Ao responder a uma pergunta de Yogananda sobre quando ele iria encontrar Deus, o Jnanaavatar (encarnação da sabedoria )responde: “Pode-se adquirir o poder de controlar o universo inteiro e, no entanto, descobrir que Deus se esquiva. O progresso espiritual não é medido pela exibição de poderes externos, mas apenas pela profundeza da bem-aventurança alcançada em meditação”.
Alsibar


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